Dr. João Vitorino - Neurocirurgião em São Paulo

Breve história da neurociência

Em 1808, o médico e anatomista alemão Franz Joseph Gall fez uma publicação sobre frenologia. Ou seja, todos os processos mentais ocorrem no cérebro, e há uma área específica para cada um.

A ideia de que as faculdades mentais e morais se encontravam localizadas em áreas específicas e circunscritas do encéfalo deu origem à chamada teoria da localização cerebral das funções mentais e ao surgimento dos primeiros mapas corticais, ditos frenológicos em alusão ao termo frenologia (do grego, phrén, phrenós = alma, inteligência, espírito).

Esse localizacionismo aumentou o número de pesquisas sobre o órgão. Entre os resultados, o neurologista Korbinian Brodmann descreveu cinquenta e duas áreas cerebrais, com seus conseguintes processos mentais associados.

Dessa maneira, acreditou-se que era possível reconhecer habilidades intelectuais e morais por meio da forma e do tamanho das cabeças.

A comprovação de que regiões específicas do cérebro estão relacionadas com diferentes funções cognitivas só ocorreu, contudo, na segunda metade do século XIX. Em abril de 1861, o anatomista francês Pierre-Paul Broca apresentou na Sociedade de Antropologia de Paris, o cérebro do paciente M. Leborgne, mais conhecido como “senhor Tan” por ser a única sílaba que, em vida, conseguia falar. O órgão apresentava uma lesão na base do terceiro giro frontal esquerdo.

Nas décadas de 1950 e 1960, entretanto, as velhas ideias localizacionistas de Broca e de Wernicke começaram a ser reativadas. De um lado, com as pesquisas sobre especialização dos hemisférios cerebrais que levaram o psicólogo norte-americano Roger Wolcott Sperry (1913-1994) a receber o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia. Sperry, e posteriormente Michael Saunders Gazzaniga (1939-), realizou experimentos utilizando como sujeitos indivíduos com o encéfalo dividido, isto é, pacientes cujas comissuras cerebrais haviam sido interrompidas cirurgicamente, revelando que as especialidades dos hemisféricos podem ser bem diferentes e que, raramente, a especialização hemisférica significa exclusividade funcional.

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