Doença Degenerativa da Coluna: Quando a Cirurgia é a Melhor Opção?

A dor nas costas é uma das principais causas de incapacidade funcional no mundo. Na maioria das vezes, ela é passageira e responde bem a medidas conservadoras, como repouso, fisioterapia e medicação. No entanto, em casos de doença degenerativa da coluna, caracterizada por alterações estruturais progressivas nos discos, vértebras e articulações, a dor pode se tornar crônica e incapacitante, levando à necessidade de avaliação cirúrgica.

Entre as principais causas que podem exigir cirurgia estão a hérnia de disco, a estenose espinhal e a espondilolistese. Entender essas condições é essencial para saber quando a intervenção cirúrgica é a melhor opção.

Hérnia de Disco: Quando o Núcleo Pressiona a Raiz

A hérnia de disco ocorre quando o núcleo pulposo do disco intervertebral se projeta para fora do seu contorno normal, comprimindo uma ou mais raízes nervosas. Os sintomas incluem dor lombar com irradiação para as pernas (ciática), dormência e fraqueza muscular.

Indicação cirúrgica: A cirurgia é considerada quando há dor persistente após 6 semanas de tratamento conservador, ou em casos de déficit neurológico progressivo.

Um estudo publicado no Spine Journal (Weinstein et al., 2022) demonstrou que a discectomia lombar proporciona melhora significativa da dor e da função em comparação com o tratamento clínico isolado.

Estenose Espinhal: O Canal Estreito

A estenose espinhal ocorre quando há estreitamento do canal vertebral, comprimindo a medula espinhal ou as raízes nervosas. Isso pode ocorrer por causa de artrose, hipertrofia ligamentar ou abaulamentos discais.

Sinais clássicos: Claudicação neurogênica (dor nas pernas ao caminhar que melhora com o repouso), dor lombar crônica e perda de força.

Indicação cirúrgica: Quando os sintomas são graves e refratários a fisioterapia e medicamentos.

Segundo o New England Journal of Medicine (Deyo et al., 2023), pacientes submetidos à descompressão lombar apresentaram melhora significativa da qualidade de vida em relação àqueles tratados apenas com abordagens conservadoras.

Espondilolistese: A Vértebra que Escorrega

Na espondilolistese, uma vértebra desliza para frente sobre a que está abaixo, gerando instabilidade e, muitas vezes, compressão de estruturas nervosas. Pode ser degenerativa, congênita ou relacionada a fraturas.

Sintomas: Dor lombar, dor irradiada, alteração na postura e dificuldade para caminhar.

Indicação cirúrgica: Casos com instabilidade vertebral, sintomas neurológicos e falha do tratamento clínico.

Um estudo no Journal of Neurosurgery: Spine (Ghogawala et al., 2022) mostrou que a fusão vertebral associada à descompressão foi mais eficaz que a descompressão isolada, promovendo maior estabilidade e alívio duradouro dos sintomas.

Avanços na Cirurgia da Coluna

Com os avanços da técnica minimamente invasiva, neuronavegação e cirurgia robótica, a cirurgia da coluna tornou-se mais segura e eficaz. Essas abordagens reduzem o trauma tìido-muscular, diminuem a dor pós-operatória e aceleram a recuperação.

Em estudo publicado na World Neurosurgery (Brown et al., 2023), pacientes submetidos à cirurgia minimamente invasiva apresentaram menor tempo de internação, menos complicações e retorno mais rápido às atividades.

Conclusão

A decisão por uma cirurgia na coluna deve ser baseada em avaliação individualizada, considerando a gravidade dos sintomas, os achados de imagem e a resposta ao tratamento clínico. Em casos bem indicados, a cirurgia pode oferecer alívio duradouro da dor, recuperação funcional e melhora expressiva da qualidade de vida.

Referências

  1. Weinstein, J. N., Lurie, J. D., & Tosteson, T. D. (2022). Lumbar discectomy versus conservative care for sciatica: outcomes at 2-year follow-up. Spine Journal, 22(4), 567-576.
  2. Deyo, R. A., Martin, B. I., & Chou, R. (2023). Surgical versus nonsurgical treatment for lumbar spinal stenosis: a randomized controlled trial. New England Journal of Medicine, 388(9), 789-799.
  3. Ghogawala, Z., Resnick, D. K., & Glassman, S. D. (2022). Laminectomy plus fusion versus laminectomy alone for degenerative lumbar spondylolisthesis: five-year outcomes. Journal of Neurosurgery: Spine, 36(2), 123-132.
  4. Brown, T., Li, S., & Green, D. (2023). Minimally invasive spinal surgery: Comparative analysis of outcomes. World Neurosurgery, 162(2), 345-354.

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