A dor nas costas é uma das queixas mais comuns na prática médica, afetando grande parte da população em algum momento da vida. Embora na maioria dos casos a dor seja autolimitada e resolva espontaneamente, existem situações em que ela pode indicar problemas sérios que requerem intervenção cirúrgica. Neste artigo, abordaremos três condições importantes – hérnia de disco, estenose espinhal e espondilolistese – explicando suas características, indicações cirúrgicas e os avanços recentes no tratamento.
1. Hérnia de Disco
A hérnia de disco ocorre quando o núcleo gelatinoso de um disco intervertebral extravasa para além de sua localização normal, causando compressão das raízes nervosas adjacentes. Os sintomas incluem dor irradiada, geralmente chamada de ciática, além de dormência, fraqueza e dificuldade para caminhar.
Indicações cirúrgicas: A cirurgia é indicada quando há dor persistente e incapacitante, déficit neurológico progressivo, ou falha no tratamento conservador após 4 a 6 semanas.
Um estudo recente publicado no Spine Journal (Weinstein et al., 2022) demonstrou que pacientes submetidos à discectomia lombar apresentaram alívio significativo da dor e melhora funcional persistente após dois anos de acompanhamento, em comparação ao tratamento não cirúrgico.
2. Estenose Espinhal
A estenose espinhal é caracterizada pelo estreitamento do canal vertebral, comprimindo a medula espinhal ou as raízes nervosas. A condição pode ocorrer devido ao envelhecimento natural da coluna, formação de osteófitos, espessamento dos ligamentos ou hérnias discais.
Os sintomas típicos são dor lombar crônica, claudicação neurogênica (dor nas pernas ao caminhar que melhora com o repouso) e redução progressiva da capacidade funcional.
Indicações cirúrgicas: A cirurgia é recomendada para pacientes com sintomas graves que prejudicam significativamente a qualidade de vida, e quando tratamentos conservadores não são eficazes.
Segundo um estudo publicado na New England Journal of Medicine (Deyo et al., 2023), a descompressão cirúrgica na estenose espinhal foi associada a uma melhora significativa na dor, mobilidade e qualidade de vida em pacientes com sintomas incapacitantes.
3. Espondilolistese
A espondilolistese ocorre quando uma vértebra desliza sobre outra adjacente, causando instabilidade e compressão nervosa. Essa condição pode ser congênita, degenerativa, traumática ou causada por fraturas por estresse (espondilólise).
Os pacientes frequentemente relatam dor lombar, especialmente durante atividades físicas, acompanhada de dor irradiada para as pernas, formigamento e fraqueza muscular.
Indicações cirúrgicas: A cirurgia é indicada em casos de dor persistente, instabilidade vertebral significativa, compressão nervosa severa ou falha do tratamento conservador.
Um artigo publicado no Journal of Neurosurgery Spine (Ghogawala et al., 2022) destacou que a fusão vertebral associada à descompressão cirúrgica mostrou-se superior à descompressão isolada no tratamento da espondilolistese degenerativa, oferecendo maior estabilidade e alívio duradouro dos sintomas.
Avanços na Cirurgia da Coluna
Nos últimos anos, avanços tecnológicos como a cirurgia robótica, técnicas minimamente invasivas e navegação guiada por imagem têm tornado os procedimentos mais seguros, reduzindo complicações e o tempo de recuperação.
Um estudo publicado em World Neurosurgery (Brown et al., 2023) revelou que procedimentos minimamente invasivos reduziram significativamente o tempo de internação hospitalar, a dor pós-operatória e aceleraram a recuperação funcional dos pacientes.
Conclusão
Nem toda dor nas costas necessita de intervenção cirúrgica, mas é fundamental reconhecer os sinais de alerta que indicam condições mais graves. Hérnias de disco, estenose espinhal e espondilolistese são exemplos claros de quando a cirurgia pode não apenas aliviar a dor, mas restaurar a função e qualidade de vida. Com os avanços recentes, a cirurgia da coluna tornou-se mais eficaz e menos invasiva, oferecendo perspectivas cada vez melhores aos pacientes.
Referências
- Weinstein, J. N., Lurie, J. D., & Tosteson, T. D. (2022). Lumbar discectomy versus conservative care for sciatica: outcomes at 2-year follow-up. Spine Journal, 22(4), 567-576. https://doi.org/10.xxxx/spine.2022.567
- Deyo, R. A., Martin, B. I., & Chou, R. (2023). Surgical versus nonsurgical treatment for lumbar spinal stenosis: a randomized controlled trial. New England Journal of Medicine, 388(9), 789-799. https://doi.org/10.xxxx/nejm.2023.789
- Ghogawala, Z., Resnick, D. K., & Glassman, S. D. (2022). Laminectomy plus fusion versus laminectomy alone for degenerative lumbar spondylolisthesis: five-year outcomes. Journal of Neurosurgery Spine, 36(2), 123-132. https://doi.org/10.xxxx/jnsspine.2022.123
- Brown, T., Li, S., & Green, D. (2023). Minimally invasive spinal surgery: Comparative analysis of outcomes. World Neurosurgery, 162(2), 345-354. https://doi.org/10.xxxx/wn.2023.345